12/29/2015

Feriado

Feriado, três jovens pretendem dormir na casa do amigo cujos pais estão viajando em um fim de ano. Estão os quatro sozinhos em uma noite de quinta feira. Nenhum demônio ou monstro será invocado, e o psicopata mais próximo está a cinco quilômetros de distância e não os perturbará.
-Estou com fome – Diz Guilherme
-Fome de mulher – Diz Breno
-Isso é coisa de falar na minha casa? – Diz Fabiano
-Êêê Breno! – Diz Hector.
São quatro rapazes. Fabiano não sabe, mas Breno contratou quatro prostitutas para chegarem ali á meia noite. Todas pretendem apenas fazer seu serviço e ir embora. Metade do dinheiro já foi pago, a outra metade está no bolso de Breno.
O plano não é que cada rapaz fique com uma moça, mas que se arranjem uma para Hector, Uma para Guilherme, e duas para Breno, pois Fabiano rejeitaria sua moça e por medo de enfrentar sete pessoas se trancaria no quarto enquanto o resto da casa se transformasse num bordel por quarenta minutos, tempo que levaria para as moças receberem e saírem.
O problema das prostitutas só existia na cabeça do que as contratou, já que carregava o fardo de não ter contado ainda para os colegas de que decidiu infligir suas liberdades. O problema que estava na roda é o da falta de comida.

8/25/2015

Segunda-feira.

Quando eu era muito jovem, meu já falecido avô me disse: “Sempre veja as segundas feiras como uma segunda chance”. Ao momento que me lembro da última vez que ouvi isso já é tarde e muitas segundas feiras foram desperdiçadas. Por não ter aproveitado nenhumas das segundas chances minha vida se transformou num sábado, um eterno dia de descanso.

Vinte de maio, quarta-feira, meu aniversário. Eu me segurava com uma só mão na barra de metal no teto de um ônibus, no outro braço estava pendurada uma mochila com meus livros da faculdade. Eu vestia um casaco que era o meu favorito, não por ser o mais bonito, mas meu único até então. Na metade da viagem de uma hora e meia dentro daquele ônibus, que eu fazia duas vezes por dia de segunda á sexta, senti a mais estranha energia tomar conta do meu corpo, senti essa energia passar por trás de mim, o que equivale á roleta por onde entravam passageiros no veículo. Depois de um calafrio que varreu cada átomo de minha espinha, surgiu ao meu lado o mais belo dos seres.
A moça usava uniforme do banco, o cabelo certamente alisado artificialmente porém muito bonito, e a perfeita tonalidade de batom rosa. Como qualquer homem, eu não saberia definir aquela cor com outro nome que não rosa, mas não era qualquer rosa. Ela se afastou sem me notar e posicionou-se em pé, longe de mim.

2/13/2015

Carnaval

Ele acordou, Olhou o horário
Reparou no calendário
Era um dia especial

Ele se esqueceu da morte
De toda sua falta de sorte
E de quem lhe fez mal

Ele se esqueceu da ferida
Travestiu o coração com a roupa colorida
E abandonou tudo o que é formal
Saiu para a rua
Só voltaria depois da lua
E passou o dia como animal

Envolveu-se com mulheres horríveis
Fez coisas inesquecíveis

Só porque era carnaval.

12/10/2014

Há Pás

Quando era apenas um rapaz
Eu prometi suicidar-me
E assim trazer a paz
Que eu tanto desejei

Mas o sol brilhou
E a vida prometeu-me
Que ainda em vida viria
A paz que desejei

O tempo correu apressado
E a angústia não me deixa
Sou um velho abandonado
E solitário esperei

Pela paz que prometida
Promessa nunca comprida
Eu nunca viverei

Não há paz
Só há pás
Que cavam meu túmulo
Todo dia um pouco

Que um dia me enterrarei

7/10/2014

Rosso Scuro

No mundo há apenas duas coisas que uma boa italiana gosta. Um salame bem gordo ou um salame bem grande.
Eu cheguei na Itália faz menos de um ano mas já amo esse lugar. A italianinha Giovanna é minha nova namorada. Conheci ela logo que cheguei. Começamos o namoro logo na primeira troca de olhares e já no primeiro dia eu sabia que éramos um do outro.
Nosso primeiro encontro foi assim:
Viajei de Navio. Desembarquei no Porto dia 25/11, coincidentemente o dia do meu aniversário, e meu melhor presente estava na fila esperando por alguém que saia do barco. Eu sabia que não podia perde-la de vista e como ninguém esperava por mim decidi esperar ela perto da entrada, sem tirar os olhos dela.
Ela se aproximou com seu pai, um italiano velho que retornava á casa depois de uma estada em algum outro país. O bigode dele me lembrava dos italianos do “O poderoso chefão”. Eu fingi estar perdido e a parei para pedir informação.
-Mi scusi, mi può aiutare?
Aquele sorriso lindo, aquele olhar hipnotizante, aqueles peitos gigantes. Seria tudo meu.

1/06/2014

Inferno-Um futuro próximo

Acordei ás seis da manhã com meu despertador, levantei da cama, tomei um banho, café-da-manhã é um mito, uma lenda, que há alguns anos eu não experimento mais. Agora sou um velho solitário, no auge de meus 53 anos, não trabalho mais, consegui me aposentar por invalidez. Na cozinha, enquanto bebia um copo de água, olhei para o lado e vi um calendário eletrônico que exibia no visor:


26/6/2056
-Dia mundial da Carta das Nações Unidas