Escrevo três palavras
Aperto "enter"
Duas
Uma
Cometendo essa grande heresia,
de escrever qualquer bosta e chamar de poesia.
4/02/2017
10/03/2016
Incerto
Bebia. Bebia porque preferia se afogar em álcool do que no
estresse da vida de empresário. Luís Valim bebia na cozinha de sua própria
casa. Saiu para a sala de estar, subiu as escadas da casa e entrou em seu
quarto. Uma das paredes do quarto era inteira de vidro, e o luar iluminava todo
o ambiente: uma porta para o closet ao lado de uma porta para o banheiro, a
cama, uma estante, a esposa dormindo descoberta.
Valim sentou-se na cama, esfregou com as mãos a barba
malfeita, passou pelo peito e apertou o próprio pênis, tudo mirando a esposa
vinte anos mais nova que ele. Abaixou, sentiu o cheiro do cabelo dela e
deitou-se ao lado da mulher, apalpando-a na bunda e os seios.
-Luís, o que você está fazendo? Eu estou dormindo.
-Não precisa acordar.
-Você está fedendo à cachaça, sai!
-E você fedendo à buceta.
-Luís, eu não
quero! – A mulher se debate.
-Cala a boca,
porra!
Então, Luís
ergueu a camisola da mulher, puxou a calcinha dela para o lado e a penetrou ao
mesmo tempo que a beijava no pescoço.
“Ai Luís” é
tudo o que ouviu a filha mais nova do homem, quando abriu a porta do quarto.
-Papai! O
michel está lá embaixo, chapado, e quebrou a mesa de centro da sala.
-Isso é hora,
menina! Vai dormir! – Valim berrou levantando-se.
O homem vestiu
seus calções, acompanhou a filha até o quarto e a mandou dormir. Ele mesmo
fechou a porta do quarto da menina, e ainda de pau duro desceu as escadas que
davam para a sala de estar. Lá, encontrou o filho de 19 anos deitado ao chão
com uma garrafa de vodca enfiada no vidro da mesa de centro.
-Levanta!
O homem puxou
o filho pelo braço até que se pusesse em pé, e o conduziu com dificuldade até a
cozinha da casa.
-Seu demônio!
Você vai apanhar tudo o que não apanhou quando era criança! Pra aprender a ser
homem. Eu já te disse que não quero você dentro dessa casa, maconheirinho
desgraçado. Se quiser continuar se
drogando, vai ter que ir embora. Você é maior de idade e eu não tenho mais
compromisso algum com você.
Luís pegou uma
escumadeira metálica presa na parede, e começou a chicotear o garoto.
-Você vai
pagar por tudo o que você fez para a sua mãe. Você matou a sua mãe. Você é uma
encarnação do próprio demônio
Por muito
tempo o garoto permaneceu jogado ao chão, levando golpes de escumadeira até
sangrar por todo o corpo. Luís percebeu que poderia matá-lo se continuasse.
Furioso, o
homem voltou á sala de estar e subiu as escadas, de volta para o quarto, para
libertar o resto de sua raiva na mulher.
...
-Ouvi dizer
que nossa sala já foi o almoxarifado da delegacia. -Disse Gaston.
Gaston era um
policial, detetive, rechonchudo e baixinho. Só vestia camisas. Seu bigode
sempre me fez pensar que ele era mais adequado à uma delegacia de um filme de
comédia estadunidense do que á uma delegacia brasileira. Eu imaginava Gaston
com suspensório e comendo rosquinhas, falando inglês e sendo chamado de tira.
-Aqui estão! –
Gaston abriu minha gaveta e guardou um par de algemas.
-Se o Garcia
descobre que você pega minhas algemas para satisfazer a piranha da sua esposa,
nós dois estamos fodidos. Falando na velha, ela continua gostosa?
-Continua
cuidando da senhora sua mãe. Por falar no homem, o Garcia pediu pra você ir pra
sala dele assim que chegasse.
Ao abrir a
porta da sala do delegado Garcia, senti o usual cheiro de cigarro. Sim, era
proibido fumar ali, mas já eram nove da noite e quem, dentro de uma delegacia,
reclamaria com o delegado?
-Diga-me, que
motivos eu teria parar tirar o sossego do grande detetive Herculano Pacheco.
-Garcia balançava o cigarro com o lábio.
Sim, meu nome
é Herculano Pacheco. Um nome forte demais, para um homem de aparência frágil.
Sou nada mais que um detetive ordinário, um solucionador de problemas, mais
especificamente, um solucionador de crimes.
Homens como
Garcia me consideram genial, por poder decorar informações que eles nunca
buscaram. Assista documentários e filmes desconhecidos, leia os livros que
ninguém gosta e então gente como o Garcia, mesmo que numa patente mais alta que
a sua, te considerará superior.
Outra coisa
que aprendi com Garcia, é que depois de um elogio sempre vem um pedido.
-Pois bem,
homem! Tenho um caso que só você é capaz de resolver. Há não mais de duas
horas, um homem chegou dizendo que encontrou a namorada morta na cama dele.
-E?
-Não é um caso
de violência doméstica comum. A ex-esposa dele também foi assassinada.
-E você tem
certeza, que não foi ele quem matou?
-Me deixa
contar a história inteira. O homem tem uma filha e um filho, o filho é usuário
de drogas e foi um traficante amigo dele que matou a primeira mulher. Tanto o
menino, quanto a menina estavam na casa quando a mulher morreu.
-Só os dois?
-Ainda espero
pelas imagens de câmeras de segurança da casa, e outras informações. Mas parece
que ninguém entrou na residência.
-Como ela
morreu?
-Um corte no
pescoço.
Fiquei quieto,
olhando para o chão. Aproximei a mão da boca e Garcia quebrou o silêncio.
-O mais
importante Herculano, é que você não é o encarregado desse caso, eu estou te
mandando cuidar dele de forma não oficial, porque não acredito que Gaston possa
resolver, e sinto que tem algo maior envolvido nessa morte. Talvez seja só
paranoia minha, mas enfim! Não pense que estou te enchendo com trabalho extra,
você fica sem caso nenhum por uma semana, se resolver esse.
-Pois bem! Eu
irei.
Uma semana de
folga, era tudo o que eu precisava para trabalhar em meus ditos projetos
pessoais. Se o que se sucedeu não tivesse me perturbado por meses.
...
Cheguei no
local do crime às nove e meia da noite. Precisava ser rápido para sair antes
que Gaston chegasse. A casa era maior que eu imaginava, e presumi que Garcia me
escondera algumas informações. No portão da casa, dois policiais impediam que
jornalistas curiosos entrassem. Ignorei os curiosos, mostrei as credenciais, e
para a tristeza da imprensa, passei sozinho pelo portão.
Um breve
caminho passava por uma varanda e levava até a porta da casa, onde dois grandes
amigos me esperavam. Ivan, o médico legista da delegacia onde trabalho e um
perito chamado Miguel.
-Mostrem-me o
que encontraram, amigos.
Ivan me guiou
pela sala, onde estranhei que a mesa de centro estivesse sem a tampa de vidro.
Subimos as escadas, e ao abrir uma porta do segundo andar, os dois me mostraram
o cadáver da mulher na cama.
-Olhe bem para
ela. Parece que nem acordou, morreu sem lutar.
Olhei ao
redor. O quarto parecia em ordem, nada fora do lugar. Apenas a mulher morta em
cima da cama e uma mancha de sangue no lençol.
-E a arma do
crime?
-Venha comigo.
– Disse o perito.
Descemos as
escadas, até o quarto do garoto. Lá dentro, pôsteres de bandas punk, grupos de
rap e mulheres nuas estampavam as paredes e a porta. O perito abriu uma gaveta,
e dentro dela, por baixo de um guardanapo, escondia-se um punhal pequeno,
manchado de sangue.
3/28/2016
Decesso
Se devagar tudo escurece
E por filho ouço-te me chamar
Deus, minha última prece
é as últimas palavras declamar:
Amigo, mil perdões se te ofendi
Você não é medíocre ou tolo
eu é quem tenho inveja de ti.
Meus pais, chega a hora
de matar minhas saudades
depois de tanta demora.
Meu herdeiro,espero que sorria
e que um dia aprenda
que o conhecimento é uma alforria.
Papel não tem valor
Felicidade plena é utopia
e de nada vale a vida sem amor
Amor, a você nada quero dizer
Enquanto fecho os olhos, reconheço
ninguém melhor eu poderia conhecer
É nessa mórbida noite que expiro
Dolorido, mas sorrindo
Dou meu último suspiro
E por filho ouço-te me chamar
Deus, minha última prece
é as últimas palavras declamar:
Amigo, mil perdões se te ofendi
Você não é medíocre ou tolo
eu é quem tenho inveja de ti.
Meus pais, chega a hora
de matar minhas saudades
depois de tanta demora.
Meu herdeiro,espero que sorria
e que um dia aprenda
que o conhecimento é uma alforria.
Papel não tem valor
Felicidade plena é utopia
e de nada vale a vida sem amor
Amor, a você nada quero dizer
Enquanto fecho os olhos, reconheço
ninguém melhor eu poderia conhecer
É nessa mórbida noite que expiro
Dolorido, mas sorrindo
Dou meu último suspiro
12/29/2015
Feriado
Feriado, três jovens pretendem dormir na casa do amigo cujos
pais estão viajando em um fim de ano. Estão os quatro sozinhos em uma noite de
quinta feira. Nenhum demônio ou monstro será invocado, e o psicopata mais
próximo está a cinco quilômetros de distância e não os perturbará.
-Estou com fome – Diz Guilherme
-Fome de mulher – Diz Breno
-Isso é coisa de falar na minha casa? – Diz Fabiano
-Êêê Breno! – Diz Hector.
São quatro rapazes. Fabiano não sabe, mas Breno contratou
quatro prostitutas para chegarem ali á meia noite. Todas pretendem apenas fazer
seu serviço e ir embora. Metade do dinheiro já foi pago, a outra metade está no
bolso de Breno.
O plano não é que cada rapaz fique com uma moça, mas que se
arranjem uma para Hector, Uma para Guilherme, e duas para Breno, pois Fabiano
rejeitaria sua moça e por medo de enfrentar sete pessoas se trancaria no quarto
enquanto o resto da casa se transformasse num bordel por quarenta minutos,
tempo que levaria para as moças receberem e saírem.
O problema das prostitutas só existia na cabeça do que as
contratou, já que carregava o fardo de não ter contado ainda para os colegas de
que decidiu infligir suas liberdades. O problema que estava na roda é o da
falta de comida.
8/25/2015
Segunda-feira.
Quando eu era muito jovem, meu já falecido avô me disse: “Sempre
veja as segundas feiras como uma segunda chance”. Ao momento que me lembro da
última vez que ouvi isso já é tarde e muitas segundas feiras foram
desperdiçadas. Por não ter aproveitado nenhumas das segundas chances minha vida
se transformou num sábado, um eterno dia de descanso.
Vinte de maio, quarta-feira, meu aniversário. Eu me segurava
com uma só mão na barra de metal no teto de um ônibus, no outro braço estava
pendurada uma mochila com meus livros da faculdade. Eu vestia um casaco que era
o meu favorito, não por ser o mais bonito, mas meu único até então. Na metade
da viagem de uma hora e meia dentro daquele ônibus, que eu fazia duas vezes por
dia de segunda á sexta, senti a mais estranha energia tomar conta do meu corpo,
senti essa energia passar por trás de mim, o que equivale á roleta por onde
entravam passageiros no veículo. Depois de um calafrio que varreu cada átomo de
minha espinha, surgiu ao meu lado o mais belo dos seres.
A moça usava uniforme do banco, o cabelo certamente alisado
artificialmente porém muito bonito, e a perfeita tonalidade de batom rosa. Como
qualquer homem, eu não saberia definir aquela cor com outro nome que não rosa,
mas não era qualquer rosa. Ela se afastou sem me notar e posicionou-se em pé,
longe de mim.
2/13/2015
Carnaval
Reparou no calendário
Era um dia especial
Ele se esqueceu da morte
De toda sua falta de sorte
E de quem lhe fez mal
Ele se esqueceu da ferida
Travestiu o coração com a roupa colorida
E abandonou tudo o que é formal
Saiu para a rua
Só voltaria depois da lua
E passou o dia como animal
Envolveu-se com mulheres horríveis
Fez coisas inesquecíveis
Só porque era carnaval.
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