Na infãncia, a mãe lhe disse que “Bonecas são coisas de menina”.
E assim Roberto cresceu acreditando que não deveria ter bonecas. (E
isso não é uma história LGBT).Ainda, o fascínio não saia da
beça. A boneca que canta e dança que a prima lhe mostrava, a boneca
chorona que a colega e escola exibia no “dia do brinquedo”.
Roberto queria ter sua pŕopria boneca.
Durante o dia, Roberto jogava Bola. Pela noite, usava seu celular
para pesquisar sobre a história das Barbies e maquiagem.
Enquanto os fracos transformam frustrações em desculpas, Roberto
transformava em motivação. Faria Bonecas um dia.
-O que um olho disse pro outro depois de uma piada sem graça? - Rí
mel. Ri,meu. Entendeu?
Nenhum dos outros garotos sabiam o que é um rímel, mas jussara, “a
menina do rolẽ”, dera gargalhadas com o trocadilho. Assim foi que
roberto ganhou sua primeira boneca.
Já aos 22 anos, Jussara e Roberto estavam noivos. No mesmo dia em
que decidiram marcar o casamento, Jussara virou uma bola boneca.
Roberto a levou para um motel na beira da estrada, e saiu de lá em
seu Fiat, com jussara deitada no banco de trás. Em casa, colocou a
garota na cama e começou a despi-la. Para conservar, pensou em usar
formol. Mas a plicação, cheiro e preço eram inviáveis.
Roberto passou com todo o cuidado do mundo, camadas finas de uma
mistura de cimento e gesso por cima do corpo de jussara. Por fora,
uma bela estátua, que mais tarde recebeu um vestido de noiva. Por
dentro, dentes rangendo em um último espasmo de vida.
Roberto conquistou Daiane, que também virou uma estátua, com um
vestido vermelho.
Renata ganhou uma camiseta e um boné.
Mas em Marisa, Roberto não quis usar cimento. Tomou vergonha na cara
e usou tudo o que aprendeu no tutorial de taxidermia. A Vagina de
Marisa deveria ser conservada.
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