Eu pensava que a lealdade e a
fidelidade eram as mais importantes qualidades que uma pessoa poderia ter em
qualquer relação, seja de amizade, trabalho ou casamento. Cheguei acreditar no dito popular “mulher de
amigo meu, pra mim é homem” que meu tio bêbado tanto repetia. Mas depois de
conhecer Dafne, precisei reformular o dito para “Mulher de amigo meu pra mim é
homem, mas um homem muito cheiroso”.
Dafne era o
tipo de mulher que me faria matar alguém, em troca de um simples toque de
lábios. Eu era capaz de me suicidar por ela em troca de um beijo rápido. Eu faria qualquer coisa para tê-la nem que fosse somente uma vez.
...
Tudo começou no
shopping center. Na mão esquerda, eu carregava pela alça plástica que saía de
dentro da caixa, um aparador de grama Tramontina que comprei na “Constru & Cia” do
shopping. A mão direita segurava um celular. Eu andava rápido, em dúvida se
seria melhor tomar um sorvete ou comprar um milk shake. Tentei ultrapassar um
casal de idosos que empurrava um carrinho de bebê e ao contornar a
velha, bati com a caixa do aparador de grama na sacola de uma mulher.
Uma cópia de luxo do "Alice no país das maravilhas" saltou
da sacola, e uma caixa de morangos deslizou pelo chão. Xinguei e franzi as
sobrancelhas enquanto me agachava para pegar o livro do chão. A mulher pegou
sua caixa de morangos. Erguemos a cabeça ao mesmo tempo e minha raiva deu
lugar á mais pura vergonha. Eu acabara de atropelar a mulher mais linda do
mundo com um aparador de grama.
Ela sorriu,
agradeceu pelo livro, pediu desculpas, e recolheu tudo dentro da sacola.
-Desculpe
novamente, estou com pressa! - E ela saiu andando na direção que estava antes
de eu atropelá-la
Até então eu
não tinha dito nada além dos xingamentos iniciais. Assisti por alguns segundos enquanto ela saia,
ajeitando o cabelo.