Recentemente, morri duas vezes. Em uma destas, eu estava no purgatório, aguardando minha vez de ser chamado. Era como uma sala de espera, com paredes cinzas infinitas, chão de carpete e cadeiras de plástico como as de clínica de convênio. Olhei para minhas mãos, onde encontrei um papel de senha com o número 12. Quando finalmente encontrei o visor de senha, marcava -639. Apitou e exibiu o número: -638. Não há muito o que se fazer. Eu não podia dormir e não sabia onde estava, ainda. Por sorte, uma pequena portinhola se abriu, em uma parede cinquenta metros à frente, de lá vi sair um ser com pés de cabra, chifres de boi e olhos de peixe. — Senhor Henrique Cruz! Me levantei e corri em direção. Ele apenas sinalizou que eu entrasse. Parecia um escritório. Me ofereceu uma cadeira para sentar e posicionou-se do outro lado da mesa. — Pois bem! O senhor morreu — disse ele com voz grave. — Antes de prosseguirmos, vou fazer uma pequena entrevista para mapear comportamentos que ajudarão os juízes a...
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