Feriado, três jovens pretendem dormir na casa do amigo cujos
pais estão viajando em um fim de ano. Estão os quatro sozinhos em uma noite de
quinta feira. Nenhum demônio ou monstro será invocado, e o psicopata mais
próximo está a cinco quilômetros de distância e não os perturbará.
-Estou com fome – Diz Guilherme
-Fome de mulher – Diz Breno
-Isso é coisa de falar na minha casa? – Diz Fabiano
-Êêê Breno! – Diz Hector.
São quatro rapazes. Fabiano não sabe, mas Breno contratou
quatro prostitutas para chegarem ali á meia noite. Todas pretendem apenas fazer
seu serviço e ir embora. Metade do dinheiro já foi pago, a outra metade está no
bolso de Breno.
O plano não é que cada rapaz fique com uma moça, mas que se
arranjem uma para Hector, Uma para Guilherme, e duas para Breno, pois Fabiano
rejeitaria sua moça e por medo de enfrentar sete pessoas se trancaria no quarto
enquanto o resto da casa se transformasse num bordel por quarenta minutos,
tempo que levaria para as moças receberem e saírem.
O problema das prostitutas só existia na cabeça do que as
contratou, já que carregava o fardo de não ter contado ainda para os colegas de
que decidiu infligir suas liberdades. O problema que estava na roda é o da
falta de comida.
Duas pizzarias existiam na região, competindo com uma
hamburgueria e um restaurante que fechou as portas ás 20:00, meia hora antes de
Guilherme anunciar sua fome. A hamburgueria não abre nas quintas-feiras. Uma
pizzaria nunca fez entregas e a outra não faz entregas naquele único dia, pois
o entregador se acidentou e a empresa ficou sem entregador e sem veículo para
entregas.
-Nossa única opção, é ir até a “Pizzaria do Gamão” e comer
lá.
-Vamos então?
-Que pizzaria de bosta! Que nome merda!
-É longe? Não é perigoso andar por aqui essa hora?
Os quatro foram até o local em segurança, pretendiam comprar
uma pizza, mas ao ir embora já tinham pedido quatro. “Hector comeu tanta pizza
de alho, que sinto pena da prostituta dele”, pensou Breno. Chegaram na pizzaria
às nove. Saíram de lá as onze. Breno tinha 45 minutos para convencê-los a
escovar os dentes contar sobre as moças, todas com dezoito anos, assim como o
quarteto de rapazes.
-Gente! Eu preciso contar uma coisa para vocês!
-Já sabemos.
-Sabem é?
-Sim! Se for da sua sexualidade, já sabemos! – Brincou
Guilherme.
-Então vocês já sabem que contratei quatro prostitutas para
nos fazer companhia esta noite?
-VOCÊ O QUE? –Fabiano berrou aturdido. Depois colocou a mão
num pingente de cruz que trazia no pescoço desde criança.
-Qual é cara? Você está vivo e tem que aproveitar, qualquer
dia desses você morre e vai se arrepender de não curtir a vida adoidado.
Adoidado que nem eu – Breno balançou a cabeça imitando um peru.
Nesse momento, um quinto personagem surgiu por trás do
quarteto com um revólver de cano longo na mão. O sexto personagem com uma pistola
automática abordou Fabiano pelo flanco direito, e o sétimo personagem, com um
canivete abordou Guilherme pela esquerda, os três vestindo capuzes idênticos,
camisetas de time de futebol e shorts de náilon.
Ao se virar, alarmado, Guilherme viu o rapaz que guardava
por trás. Hector acompanhou o olhar do amigo e também percebeu que estavam
cercados.
-Perdemos! – Hector adiantou a fala do bandido.
-E vai perder mais, filho da puta! – O Canivete. – Quero
qualquer eletrônico, dinheiro, sapato, fivela de cinto, cartão, passa tudo.
Cada um entregou seu telefone, Breno ofereceu duas cédulas,
Fabiano a carteira inteira.
-Só isso? – Disse alto o encapuzado que estava atrás.
–Ajoelha bando de playboy!
Os quatro se ajoelharam, Fabiano tremia, Hector olhava para
baixo, Guilherme com taquicardia e Breno parecia distante em pensamento.
-Esse Bairro é nosso! Isso não é hora de mocinha andar pela
nossa terra. Alguém é de menor?
Silêncio.
Mais silêncio.
-Bom. Bom mesmo.
O rapaz do revolver cano longo ficou agora na frente deles,
passou a arma pelo rosto de Breno, que ainda parecia não acreditar na situação.
“Frio. Metal Frio”
-Chupa! -Revólver
E então o bandido colocou o cano da arma dentro da boca de
Breno, que sob ordens abriu a mandíbula.
“Será que está limpa?” Era tudo o que o rapaz podia pensar
ao sentir o gosto de metal.
Fabiano olhou com o canto dos olhos, e começou a tremer
mais. Uma lágrima escorria dos olhos de Guilherme e Hector imaginava estar na
Polônia conversando em inglês com uma indiana para se acalmar.
-No meu bairro, se um cara anda sozinho, ninguém mexe. É
direito dele andar na rua. Se dois caras andam juntos, nós só agredimos porque
Deus não gosta dessas viadagens. Três nós deixamos quieto, mas vocês são
quatro, e quatro caras juntos durante a noite pra mim é gangue. Gangue rival à
minha não deve andar no meu bairro.
O revólver continuava na Boca de Breno. O Organismo dele
começava a juntar saliva e catarro.
O bandido da pistola se aproximou de Fabiano.
-Porco, coloca esse daqui pra mamar um pouco pra ver se ele
treme menos!
O cano longo do revólver foi tirado da boca de Breno e
colocado em frente o nariz de Fabiano.
-Eu quero que você chupe a arma babada como se fosse um pau!
Fabiano não reagiu. Pobre Fabiano.
-EU DISSE pra você chupar a arma...
Fabiano olhou para os bandidos encapuzados imaginando que
podia ver seus olhos e segurou o crucifixo em seu pescoço.
-Abaixa a mão e obedece! – Gritou enraivecido o homem com a
pistola que decidiu dar uma coronhada na cabeça de Fabiano.
Pobre Bandido. Tomou uma pobre decisão.
Ao bater com a arma na cabeça de Fabiano em um ângulo de
trinta graus, uma bala atravessou a cabeça do rapaz destruindo a parte de trás
de seu cérebro. Hector se encolheu enquanto sangue saia, Guilherme gritou enquanto
pedaços de cérebro, osso e pele caiam, Breno pareceu distante e perturbado,
agora chorando.
Fabiano parou de tremer. O bandido Tremia mais do que
Fabiano.
-O que eu fiz?
-Filho da Puta! Desgraçado! Eu acabo com a sua raça, agora
todo mundo vai se foder por sua causa, precisava transformar o viadinho em
presunto? A polícia vai comer o cu de cada um agora!
O bandido da pistola apontou a arma para a própria cabeça.
-Não! Não faz isso! Você não vai me foder duas vezes.
O líder da gangue, com o revólver, tentou impedir, mas o
pistoleiro disparou contra a própria têmpora. Sua cabeça se transformara num
spray de sangue.
Os dois bandidos recolheram a arma e fugiram com os
pertences do quarteto. Os dois corpos ficaram jogados ao chão. Moradores da
região se aproximaram com medo de que a gangue quisesse vingança e tudo virou
uma enorme estatística.
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