10/06/2013

Oito Pernas

Sei que não é a primeira vez que digo isso,mas nunca acreditei da existência de um Deus,um Diabo,um Paraíso com uvas e virgens,um Inferno cheio de mármore e fogo.
Até que eles dois resolveram brincar comigo.
E parece que eles gostam tanto te mim,que estão brigando por minha alma.
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Seis horas da manhã,meu celular despertava ao som de Phil Collins,
era a forma que eu tinha de acordar bem.Me levantei,e fiz o que sempre faço ao acordar,peguei os dois porta-retratos que estavam na escrivaninha do lado da cama,um com a foto de meus pais e minha irmã mais nova.Eu os amava.Ainda me arrependo de não ter falado um “eu te amo” aos três antes de partir para o outro lado do país,as faculdades de minha cidade não eram boas,cidades do interior sabe?
Na outra mão,eu tinha uma foto de Elizabeth,minha amada,que ficou na cidade.Me arrependo de não ter dito “eu te amo” pra ela também

Agora eu era um universitário,morando num apartamento,sozinho,numa cidade com mais de um milhão de pessoas.De que me adiantava ter um milhão de pessoas se eu só queria quatro?
Nesta capital eu não tinha muitos amigos,na verdade não passavam de colegas de sala na faculdade.
Ainda sentado na cama,comecei a me lembrar de um sonho,não sou muito bom nisso,mas as memórias apareciam.
‘Eu estava acordando,como se fosse um dia normal,e olhei para as fotos.Ouvi um barulho de gritos no andar debaixo,seguido de um “Socorro,uma aranha gigante!”.Eu me vesti e desci as escadas para ver o que aconteceu,o barulho vinha do apartamento de Júlia,a única vizinha que não pensava em arrancar meu pescoço por ouvir música alta na madrugada.Mas era a forma que eu tinha de espantar a solidão,ou me enganar fingindo que ela sumiu.
Eu bati na porta,Júlia abriu e disse “Ainda bem que você está aqui,tem uma aranha enorme no meu banheiro.Só então eu reparei que ela estava enrolada na toalha.
Entrei,peguei uma vassoura na cozinha dela e fui em direção ao banheiro,eu já sabia onde era pois os apartamentos eram iguais,embora o dela fosse limpo.Ela veio atrás de mim,eu perguntei aonde estava a aranha,e ela respondeu que atrás da privada.Eu abri a porta,e a aranha era maior que eu.o banheiro tinha ficado gigante,e haviam pilares segurando o teto.Milharem de aranhas pequenas vinham em nossa direção,tentamos correr,mas havia uma outra aranha monstruosamente grande na porta.Todas as aranhas eram aparentadas com viúvas-negras,só que em diferentes tamanhos.
As aranhas pequenas foram todas em direção á Júlia,sua toalha caiu e as aranhas começaram a subir seu corpo.Eu estava no chão,encolhido no canto da sala de estar,ela sendo atacada na minha frente e gritando.Até que seu corpo estava totalmente negro,cobertos pelas aranhas,e ela veio em minha direção.Sua voz agora estava grave.Seus olhos mortos,sua boca sangrava,e seu corpo era um monte de aranhas agarradas umas as outras
-Seu ateuzinho de merda,disse Júlia.Você não merece um dos átomos de seu corpo.Ah é!átomos não existem!HA HÁ HÁ!Eu te dei a chance,mas agora o inferno é todo seu,e eu cuidarei bem de você lá!
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O chão então escurecia e eu cai num infinito buraco,até que acordei com o barulho do despertador.Me levantei e fiquei olhando para o teto por alguns segundos.Sentei na cama,olhei para meu pijama,peguei as fotos e comecei admirar a beleza de Elizabeth naquela fotografia.

Foi então que as memórias de um sonho começaram a aparecer...

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