10/08/2013

Manhã Maldita

Eu estava em meu quarto,de frente ao computador escrevendo um texto para o blog que eu tinha na época.Ouvir Iron Maiden escrevendo um texto sobre o amor era uma atitude que só poderia ter vindo de mim.
Meu cachorro latia para um gato preto que se escondia da chuva na telha da varanda.
Chovia muito aquele dia,eu não tinha aula e meus pais estavam no trabalho.Em casa estávamos apenas eu,meu cachorro,e o gato visitante.
Eu já estava quase terminando o texto,ouvindo lá a vigésima música,quando levantei  para buscar um copo d’água.Olhei pela janela,e em plenas 8:00 da manhã,o sol não havia aparecido,estava tudo tão escuro quanto a noite.A cor das nuvens no céu repetia a cor da calça de moletom que eu vestia.Os raios eram tão fortes,que parecia que naquele dia Deus estava furioso com alguém.

Voltei ao computador e vi do nada,que meu editor de texto havia se fechado sem que eu conseguisse salvar meu trabalho.O papel de parede do computador tinha sido substituído por uma tela preta,e os ícones da área de trabalho tinham desaparecido.
Me sentei de frente o computador,e procurei uma forma de resolver o problema.Todos em vão.
Apenas o mouse se mexia,apenas a barra de tarefas aparecia,mas eu não conseguia clicar em nada.
Tentei então,desligar o computador da tomada.Ao puxar o fio,vi um clarão muito forte na janela.Havia caído um raio.
Me levantei do chão,e o computador permanecia ligado.
Nesse momento,senti uma força estranha agindo sobre mim,eu não conseguia me mover,pois algo me movia inconscientemente.Sentei-me na cadeira.
Não conseguia mover a cabeça,o pescoço,muito menos as pernas.meu braços apenas se movimentavam quando eu aplicava muita força,mas não conseguia passar da altura dos ombros.Era como se algo estivesse me segurando,mas não tinha ninguém no quarto.
Eu não conseguia sentir o calor humano me segurando,com certeza o que me prendia ali estava dentro de mim.
Rapidamente,a tela começou a  piscar em vários tons,de várias cores.
Comecei a sentir dores de cabeça,mas não conseguia fechar os olhos.eu sentia dor nos olhos,mas não conseguia mexer a cabeça.
Na tela,começaram a aparecer diversas imagens aleatoriamente.Essas imagens iam de crianças e animais fofos,á pessoas com fantasias estranhas,rituais indígenas,canibalismo,pedofilia,rituais satânicos,pessoas mortas,pessoas dilaceradas,sadomasoquismo extremo,assassinatos,enfim,brutalidades em geral.
As imagens em minha frente eram como uma segunda Deep Web,mas ainda pior.
Grande parte das fotos era em preto e Branco.
Eu respirava ofegante,suava frio e tremia muito.
“O que está acontecendo comigo?”
Minha cadeira começou a se mexer sozinha.Ela girava para um lado e para o outro,deu uma volta,e parou de frente ao computador.
Começou então,a reproduzir-se um vídeo na tela.
Nele aparecia uma criança,em meio um local escuro que parecia uma casa velha.A menininha balançava o corpo para trás e para frente.Era uma menina de pele branca,cabelos negros e lisos,um belo sorriso e um olhar penetrante.Aqueles olhos castanho-escuros eram vivos demais para estar em um vídeo comum.A imagem se aproximava do rosto da garota,até que apenas seus olhos aparecessem na tela.Tudo desapareceu e o monitor se desligou,fazendo um estalo dentro dele.
A cadeira voltou a se mexer,girava e girava,até que parou de forma que eu ficasse de frente á porta do quarto.
Lá,uma pessoa me esperava,de costas pra mim,usando um casaco preto, com capuz,Ele se virou de frente a mim.
Suas mãos se forçavam uma de frente á outra.Na mão direita ele usava um anel no dedo médio,assim como o que eu usava quando era adolescente.
Foi nesse momento que olhei para o rosto dele.Seu rosto era deformado,sua pele era queimada,seus olhos vermelhos e suas unhas compridas.
Involuntariamente,me levantei e fiquei frente-a-frente com aquela criatura
Eu olhei no fundo de seus olhos vermelhos,e então eu reparei que aquele era eu.
A criatura se aproximou,passou a mão em meu rosto,e começou a dizer essas palavras,soprando-as sobre mim com seu bafo podre de enxofre:
“-Tu já conheces teu corpo,agora tu conheces tu’alma.Esta é a alma que tuas sociedades criaram.Todos tem uma alma destas dentro de si.Eu venho agora destruí-lo,antes que Deus faça isso por mim,de maneira mais demorada e dolorida

Nesse momento,um raio partiu o telhado,acertou a criatura,e ela desapareceu em minha frente.Eu senti em meu corpo,a dor do raio em minha cabeça,atravessando meu corpo,se descarregando em meus pés.
Acordei então,de frente ao computador,meu texto ainda estava lá,a música ainda tocava,meu cachorro mordia minha meia.Eu tinha ficado com o braço em cima do teclado,meu texto estava todo bagunçado com caracteres espalhados pelas frases.

Resolvi ir até a cozinha tomar um copo d’água com açúcar.Quando me levantei,o telhado ainda estava com o buraco do raio...

2 comentários :

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