6/14/2018

Na infãncia, a mãe lhe disse que “Bonecas são coisas de menina”. E assim Roberto cresceu acreditando que não deveria ter bonecas. (E isso não é uma história LGBT).Ainda, o fascínio não saia da beça. A boneca que canta e dança que a prima lhe mostrava, a boneca chorona que a colega e escola exibia no “dia do brinquedo”. Roberto queria ter sua pŕopria boneca.
Durante o dia, Roberto jogava Bola. Pela noite, usava seu celular para pesquisar sobre a história das Barbies e maquiagem.
Enquanto os fracos transformam frustrações em desculpas, Roberto transformava em motivação. Faria Bonecas um dia.
-O que um olho disse pro outro depois de uma piada sem graça? - Rí mel. Ri,meu. Entendeu?
Nenhum dos outros garotos sabiam o que é um rímel, mas jussara, “a menina do rolẽ”, dera gargalhadas com o trocadilho. Assim foi que roberto ganhou sua primeira boneca.

Já aos 22 anos, Jussara e Roberto estavam noivos. No mesmo dia em que decidiram marcar o casamento, Jussara virou uma bola boneca.
Roberto a levou para um motel na beira da estrada, e saiu de lá em seu Fiat, com jussara deitada no banco de trás. Em casa, colocou a garota na cama e começou a despi-la. Para conservar, pensou em usar formol. Mas a plicação, cheiro e preço eram inviáveis.
Roberto passou com todo o cuidado do mundo, camadas finas de uma mistura de cimento e gesso por cima do corpo de jussara. Por fora, uma bela estátua, que mais tarde recebeu um vestido de noiva. Por dentro, dentes rangendo em um último espasmo de vida.
Roberto conquistou Daiane, que também virou uma estátua, com um vestido vermelho.
Renata ganhou uma camiseta e um boné.
Mas em Marisa, Roberto não quis usar cimento. Tomou vergonha na cara e usou tudo o que aprendeu no tutorial de taxidermia. A Vagina de Marisa deveria ser conservada.


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